sábado, 17 de março de 2012

Eu e tantos outros

Eu rotulo.
Tu rotulas.
Ele rotula.
Nós rotulamos.
Vós rotulais.
Eles rotulam.

Qual a íntima maioral adversidade?
Aceitar e valorizar a... diversidade

Herdeiro do Universo de ordem e beleza
Nossas variedades são a grande riqueza

Aspirante do porvir, milênio glorioso
A diferença é o intercâmbio ditoso

Sem o outro, quem sou eu?

Como inundar o peito de superior emoção
Sem a presença afetuosa do amigo no coração?

A diferença humana é a mola do progresso
A essência da vida e a chave do sucesso

Aprendemos a tolerância no lidar
Preciosa lição de reencarnar

Sem o outro quem sou eu?

O respeito mútuo, atitude fundamental
Nova sociedade, crescimento espiritual

É Deus a se expressar na criatura
Em particular retoque, moldura

Bastam os rótulos! Busquemos o cuidado
Acolher a todos, o gesto elevado!

Sem o outro quem sou eu?


ESPIRITISMO E ESPERANTO - Parte II

Por Fábio Fortes


Estamos ainda muito longe das regiões ideais da mente pura. Tal como na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podem permutar pensamentos, sem as barreiras idiomáticas; mas de modo geral, não podemos prescindir da forma, no lato sentido da expressão. (...) Os patrimônios nacionais e lingüísticos remanescem ainda aqui, condicionados a fronteiras psíquicas.
(André Luiz/Francisco C. Xavier. Nosso Lar, 24)

Entre espíritos perfeitamente afinizados, as barreiras linguísticas se superam pela linguagem do pensamento, mas, no mais das vezes, entre espíritos que requerem o esforço das relações ainda nem tão afinizadas, as línguas, os costumes, as culturas, representam barreiras que se interpõem ao progresso comum. Assim também ocorre na Espiritualidade próxima à Terra: quantos socorros e auxílios seriam mais eficazes se intermediados pela clareza da compreensão humana?


Parte II – Esperanto e Doutrina Espírita

A relação entre a Doutrina Espírita e o Esperanto começou em 1909, quando o então presidente da Federação Espírita Brasileira, aceitando recomendação do movimento espírita francês, resolveu apoiar a causa esperantista. Em meados dos anos 30, Guillon Ribeiro, espírita e esperantista, tradutor das obras de Kardec, iniciou um processo de propaganda e divulgação editorial do Esperanto, abrindo espaço para que dicionários, gramáticas e obras didáticas do Esperanto fossem publicadas pelo signo da FEB. Também as obras da codificação foram traduzidas para o Esperanto, atividade lealmente apoiada até os dias de hoje. Em 1940, pela psicografia de Chico Xavier, Emmanuel enviou a mensagem “A missão do Esperanto”, longa página que destaca o valor do movimento esperantista para a pacificação universal:
“Também o Esperanto, amigos, não vem destruir as línguas utilizadas no mundo, para o intercâmbio dos pensamentos. Sua missão é superior, é a da união e da fraternidade, rumo à unidade universalista. Seus princípios são os da concórdia e seus apóstolos são igualmente companheiros de quantos se sacrificaram pelo ideal divino da solidariedade humana”.
Em 1959, centenário de nascimento de Zamenhof, o Espírito Francisco Lorenz – que, quando encarnado, havia sido um dos esperantistas de primeira hora, tendo publicado obras de ensino de Esperanto ainda para falantes da Tchecoslováquia, região de onde emigrara, tempos depois, para se estabelecer, enfim, no Brasil, onde também atuou incessantemente em prol do Espiritismo e do Esperanto – publicou a obra bilíngue “Esperanto como Revelação”, psicografada nas duas línguas por Chico Xavier. Nesta obra, destaca-se o papel de Zamenhof como missionário do bem, em prol de um ideal de fraternidade entre os povos, em busca da clareza da comunicação humana, a favor da criação de uma cultura verdadeiramente internacional, neutra e que tivesse como princípio o respeito à diversidade humana e a paz. Assim afirmou Lorenz, pela mediunidade de Chico:
“Cercando-se de assessores eficientes, o construtor da unificação iniciou dilatados estudos e, conjugando as mais conhecidas raízes idiomáticas de vários povos, concretizou, em quase meio século de trabalho, a sublime realização. Auxiliado pelas numerosas equipes de colaboradores que lhe afinavam com o ideal, o gênio da confraternização humana, que conhecemos por Lázaro Zamenhof, engenhara, com a inspiração divina, o prodígio do Esperanto, estabelecendo-se a instituição de academias respectivas, nos planos espirituais conexos às nações mais cultas do Planeta. Corporifica-se Zamenhof, em 1859, num lar da Polônia, então associada ao Império Moscovita, cujos povos congregados falavam e escreviam em quase duzentas línguas diversas. E, ante as farpas da crítica e sob os latejos da ingratidão, atormentado, incompreendido pela maioria dos contemporâneos, ferido por muitos e apedrejado em seus sentimentos mais caros, recompõe o Esperanto para os povos terrestres, encetando nova estrada para a unificação mundial”.
As virtudes do Esperanto para a divulgação do Espiritismo no mundo, para a congregação dos povos além de suas fronteiras políticas, econômicas e culturais, para a criação de uma cultura internacional sem precendentes na história, para a divulgação dos ideais de paz, respeito e tolerância, independente das barreiras linguísticas, políticas, religiosas e econômicas justificam, por assim dizer, que o Espiritismo o tenha abraçado como uma de suas causas mais caras, em torno da qual há mais de um século os espíritas trabalham. Também as mensagens psicografadas, que revelam a pertinência do Esperanto no contexto das transformações sociais da Terra, que, a partir da Idade Moderna, a vêm preparando para a consolidação da Boa-Nova, atestam a permanência do Esperanto como ideal do futuro, em torno do qual a humanidade se reunirá, livre dos preconceitos sectaristas e das imposições que derivaram sempre do orgulho e do egoísmo, da concepção de que a individualidade precede a coletividade, de que o interesse próprio está acima do bem da humanidade. Há mais de um século, os Esperantistas têm provado o contrário, tendo uma língua e cultura comuns, que não pertence a ninguém e é de todos. O ideal da estrela verde, que na origem significou também “esperança”, continua guiando a humanidade para um estágio mais avançado de compreensão. Significa, também, que a paz e a confraternização serão as bases da edificação do Evangelho no mundo. O Esperanto é uma utopia? Os espíritos vêm testemunhar a seu favor, e tal como o Cristianismo, vêm provar que não.

quarta-feira, 14 de março de 2012

ESPIRITISMO E ESPERANTO


por Fábio Fortes

“Fui criado como um idealista e ensinaram-me que todas as pessoas eram irmãs, enquanto lá fora na rua, a cada passo eu sentia que não havia pessoas, apenas os russos, poloneses, alemães, judeus e assim por diante. Este sempre foi um grande tormento na minha mente infantil, embora muitas pessoas possam zombar de tal “angústia pelo mundo” em uma mente infantil”
(Zamenhof, 1895)

Em um mundo em que as fronteiras linguísticas, em vez de tornar símbolo da riqueza cultural do mundo, se tornam barreiras políticas que redundam em guerras e dominações, parece não haver espaço para o idealismo dos “puros de coração” que se angustiam pelos males do mundo e anseiam pela renovação do planeta. Não é, porém, o que a história provou: no mesmo século que as luzes da Codificação Espírita tocavam o coração de Kardec, em meados do século XIX, em algum lugar na Europa, onde judeus, alemães, russos e poloneses se hostilizavam, nascia Lázaro Ludvig Zamenhof, que não conheceria Kardec ou a Doutrina Espírita, mas construiria um dos maiores legados a favor da divulgação do Espiritismo no Mundo: o Esperanto.


Parte I – O Esperanto no Mundo


O Esperanto é uma língua criada em 1887 pelo médico polonês Lazaro L. Zamenhof. Ele propôs o Esperanto como uma segunda língua auxiliar que permitiria aos povos preservar suas línguas nativas, mantendo suas identidades culturais, ao mesmo tempo em que poderiam comunicar entre si por intermédio de uma segunda língua neutra, de fácil aprendizado. Isso significa que o Esperanto, como língua neutra internacional, não oferece qualquer tipo de favorecimento político ou cultural, pois é um bem cultural disponível a usuários de qualquer nacionalidade, sem pertencer a nenhum povo específico.
Dentre inúmeros projetos de língua internacional, pode-se dizer que o Esperanto é o único que realmente se tornou uma língua viva. Hoje, mais de 100 anos após a sua criação, o Esperanto é falado por uma comunidade de falantes de muitos países do mundo, que o usam em comunicações internacionais, em congressos, em interações pela internet, em viagens pelo mundo etc. Embora se possa alegar que outras línguas naturais sejam igualmente empregadas com certo grau de internacionalidade – como o inglês atualmente –, função que outrora desempenharam, em diferentes épocas, também o francês, o latim ou o grego, nenhuma delas, de fato, alcançou a neutralidade política e linguística, que lhes poderia facultar a criação de uma cultura verdadeiramente internacional. Ao contrário, o Esperanto, não somente se tornou um veículo eficaz de comunicação internacional, como também, ao longo do último século, produziu uma cultura igualmente transnacional, que tem como características a defesa da diversidade cultural e linguística humana. Não sendo uma língua “nacional”, não colocou em perigo as línguas minoritárias –, a cultura da confraternização e da paz entre os povos, a neutralidade e liberdade política, religiosa e cultural, respeitando as diferenças entre as culturas.
Mas o Esperanto funciona mesmo? Não é uma língua morta? Sim! O Esperanto tem um imenso acervo cultural que faz com que seus falantes pertençam a essa comunidade transnacional do Esperanto, e consigam se comunicar sobre todos os assuntos. A literatura em esperanto, traduzida ou original também é muito vasta. A prova de que o esperanto funciona, pode ser vista pela internet. Se você digitar “esperanto” no Google você será conduzido a não menos que 162.000.000 resultados. Na famosa Wikipedia, enciclopédia virtual que reúne artigos em 260 línguas, a sua versão em Esperanto está entre as 20 primeiras em volume de textos disponíveis. Entre as mais de 7000 línguas do mundo, o Esperanto está, em número de falantes, entre as 200 línguas mais faladas, superando muitas línguas nacionais.
Mas sendo uma língua neutra, porque os espíritas estudam o Esperanto?
(Continua...)

domingo, 11 de março de 2012

Bate-Papo Espírita!!!

Estão todos convidadíssimos a debater conosco a importante questão da Homossexualidade.
Já estamos no período de inscrições. Basta procurar o coordenador de sua Mocidade para obter maiores informações.

domingo, 4 de março de 2012

Caravana COMEJUS



por Tiago Nunes

Quarta-feira de cinzas. A noite se aproxima e o tempo fecha. Vai chover. Um jovem entra rapidamente dentro de uma Casa Espírita, procurando alguma coisa. Dali a alguns minutos, três outros jovens chegam, em grupo. Em menos de meia hora mais de setenta adolescentes se encontram dentro de uma mesma sala, assistindo um estudo sobre a prática da Caridade.



Curiosamente, o mesmo fenômeno se repete nos dias seguintes, em várias casas espíritas diferentes. São jovens de diversos lugares de Juiz de Fora que se uniram para fazer uma caravana, visitando uma mocidade espírita diferente a cada dia. Quem já participou da Comejus sabe do que eu estou falando. A caravana Comejus acontece todos os anos, sempre que o encontro de carnaval termina, chegando a reunir dezenas de jovens.

Neste ano a caravana se superou. Mais de nove mocidades espíritas foram visitadas em menos de onze dias. Redes sociais, como o facebook, contribuíram para que os jovens se unissem e combinassem qual casa espírita seria visitada no dia seguinte. Quem foi, viu um grupo alegre e unido. Para Rafaela Doro, que participa de duas mocidades espíritas, a caravana foi uma oportunidade de conhecer novas pessoas e aprender muitas coisas: “Com certeza, sem a caravana não ia ser a mesma coisa. Ela foi, de fato, um complemento da Comejus.”

A Caravana não foi apenas uma atividade educativa. Ela criou laços, desenvolveu amizades, possibilitou o estudo da doutrina espírita, integrou participantes, uniu mocidades. Nesse exato momento em que escrevo esse texto, jovens de mocidades espíritas diferentes, que não se conheciam até pouco tempo atrás, estão combinando pelo facebook de visitar o Educandário Carlos Chagas, amanhã. São os rumos da caravana. São os rumos da juventude espírita.

E o mais interessante de tudo isso é que, na maioria das vezes, a iniciativa de visitar outras instituições espíritas partiu dos próprios jovens. Sem a interferência dos coordenadores, os próprios participantes das mocidades se uniram para visitar casas como o Vida Maior, o Ivon Costa e o Irmã Scheilla. Dessa rede de integração, surgiu a proposta de visitar uma casa espírita diferente por mês. O desafio está lançado, e a primeira mocidade a ser visitada será a mocidade Guarani, do Centro Espírita Fé e Caridade. A visita está marcada para o dia 14 de Março, e você está convidado. Se a unificação do movimento espírita depender dessa galerinha, estamos em ótimas mãos!