sábado, 28 de abril de 2012

Homossexualidade e Respeito

Vivemos em uma época de discursos politicamente corretos e virtual valorização acadêmica da diversidade. Interessante notar que em nossas vivências cotidianas, no entanto, ainda encontramos bastantes dificuldades em aceitar e respeitar os outros em suas singularidades. A orientação homoafetiva é um exemplo claro desta contradição, posto que o sujeito que assim se assume enfrenta toda uma série de desafios para exercer tranquilamente seus direitos e suas opções.
Lamentavelmente a sociedade vem protagonizando uma série de violências contra os sujeitos homossexuais, desde a simbólica, passando pela religiosa, chegando até à brutalidade das agressões físicas gratuitas. É fácil encontrar notícias recentes que relatam casos, em grande quantidade, que se repetem mundo afora, demonstrando o quanto os dircursos de inclusão continuam no plano da idealização cômoda, sem uma efetivação nas práticas.
Porque nos é tão complicado respeitar a orientação homossexual? Quais padrões culturais e psicológicos mobilizam tal rejeição? Onde a lição cristã de não julgamento? Onde o ensino Espírita da necessária variedade no contato social? O aclamado mundo de regeneração comporta tal discriminação? Precisamos criticar o paradigma da hetero-normatividade e avançarmos para um novo entendimento e uma nova postura diante da orientação homossexual, mais lúcida, ponderada e respeitosa.
Convidamos você a dar um passo neste sentido, participando conosco do Bate-Papo Espírita!!! Esta é a última semana de inscrições. Procure o coordenador de sua Mocidade e venha papear em grupo, sob à luz do Espiritismo.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Homossexualidade no Centro Espírita

Uma vez que todo tipo de pessoa frequenta a instituição espírita, com vínculos mais ou menos fortes, é esperado que esta diversidade também se verifique no que tange à orientação sexual. Muito óbvio que adentram às portas de qualquer casa espírita indivíduos que se assumem heterossexuais, homossexuais ou bissexuais.
Ocorre que esta constatação sempre trouxe consequencias polêmicas nos arraiais espiritistas, posto que as visões e organizações de cunho tradicionalista e preconceituoso, trataram de marginalizar, doutrinaria-socialmente, as pessoas declaradas ou suspeitas (este é o termo) de serem homossexuais.
Em vários seminários e pinga-fogos, ouvimos opiniões semelhantes, discursando pela não inclusão do homossexual nas lides espíritas. A justificativa se baseia no desequilíbrio de que são portadores, na necessidade que têm de absterem dos pecados da comunhão homoafetiva, e do mal exemplo que seriam para os demais.
Mas, afinal, homossexualidade indica comportamento pervertido? A orientação sexual é que define o comportamento sexual? Será que tal postura não cria uma cultura cínica de silêncio e vidas paralelas dentro do Centro Espírita? Esta discriminação encontra algum apoio nas passagens Evangélicas? Como os Espíritos se posicionam diante de tal questão?
Se você deseja aprofundar este debate, de maneira respeitosa e madura, está convidado a participar do Bate-Papo Espírita!!! Procure o coordenador de sua Mocidade e se inscreva.
Aproveito e sugiro uma pequena bibliografia espírita sobre o tema. Caso desejem ler antes do evento, será de grande utilidade para as discussões.

§  O Livro dos Espíritos: itens 132, 200, 201, 202, 207, 208, 216, 228, 229, 258, 259, 261, 264, 269, 335, 367, 368, 369, 370, 385, 695, 696, 698, 699.
§  O Evangelho segundo o Espiritismo: introdução, item II.
§  Revista Espírita: janeiro de 1866, artigo “As mulheres têm uma alma?”.
§  Além do rosa e do azul – recortes terapêuticos sobre homossexualidade à luz da Doutrina Espírita (Gibson Bastos) [CELD].
§  Vida e Sexo (Emmanuel): capítulos introdução, 19, 20, 21, 23, 26.
§  Desafios da vida familiar (Camilo): capítulo I, questões 12 e 13; capítulo II, questões 28 e 29.
§  O jovem espírita quer saber (autores diversos): capítulos “Sexo” e “Homossexualidade”.
§  Atualidade do Pensamento Espírita (Vianna de Carvalho): questões 5 e 179.
§  Pinga-Fogo (Chico Xavier): 1º, questão 35; 2º, questão 40.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Espiritismo e ciberespaço




Aproveitando a proximidade do Bate Papo Espírita de 2012, postamos um texto produzido ao longo do processo de preparação de estudos do Bate Papo Espírita do ano de 2011, Espiritismo e Ciberespaço
As inscrições para o BPE 2012 - "Os Espíritos têm sexos?" estão abertas e são limitadas! Faça sua inscrição com o coordenador de sua mocidade!

Ciberespaço, sociedade e espiritismo
A necessidade de estarmos em lida direta com outros iguais a nós é conhecida desde muito tempo, e sistematizada por pensadores modernos das áreas da educação, filosofia, entre outras. O próprio livro dos espíritos ressalta a necessidade absoluta da vida em sociedade, e na conhecida questão referente ao conhecimento de si mesmo, respondida por Santo Agostinho, ele coloca como pergunta essencial a ser feita para si mesmo: “se ninguém tivera motivo para de mim se queixar”. A forma como o eu é visto pelo outro é, de fato, essencial para a construção da nossa personalidade.
O ser humano está diante do outro em relação direta desde sempre. Primeiramente entre os agrupamentos primitivos de seres humanos, em pequenos grupos de nômades; em seguida, na esfera das cidades, depois do assentamento da humanidade decorrente da descoberta da agricultura e da criação de animais; começa a consolidar-se uma esfera doméstica, em que as relações entre familiares tornam-se mais estreitas; diferentes grupos sociais interagem sob regimes absolutistas, teocráticos, tribalistas e democráticos.
Com o descobrimento de alternativas tecnológicas para melhoria do trabalho e da produção, o mundo vai vivendo um aceleramente cada vez maior em todas as suas instâncias; o desvanecimento da grandeza do espaço que cortava continentes por meio das novas formas de transporte e comunicações torna todo o mundo, paulatinamente, um grande villarejo global. Em consonância com esse encurtamento das distâncias, surge um novo contexto em que as relações sociais entre os homens se torna possível: a internet.
As relações entre os jovens nos sites de relacionamentos, twitter e programas de conversa estão carregadas de um páthos intenso, como é próprio de sua idade. No geral, arrolam-se especialmente declarações emotivas a respeito das amizades, sobre a importância de uns na vida de outros, e de ações praticadas regularmente e/ou sendo praticadas no momento pelos internautas. Assim, os jovens fazem-se cada vez mais presentes na vida um do outro, seja por sentir-se importante em receber e dedicar textos à amizade entre amigos, seja ao conhecer os detalhes da vida cotidiana dos outros por meio de mensagens.
Cumpre-nos questionar a respeito da natureza dessas relações. Não se deve negar que, pelo jogo da simulação, pela construção de um perfil mais próximo do que quero ser do que da realidade, pelo uso de apelidos, pela inscrição em fóruns e comunidades de assuntos específicos, pela possibilidade de esconder as expressões faciais, e ações simultâneas e alguns pensamentos por uma conversa do messenger, o jovem tem uma nova gama de possibilidades para a construção da sua subjetividade e identidade, baseada na forma como o outro o vê, na forma como vê o outro e na forma como deseja ser visto.
Entretanto, cumpre-nos também questionar-nos se esse tipo de interação não deixa de lado pontos importantes da relação face a face, do toque, do olhar, da troca de energias salutares e, muitas vezes, da exposição sincera e assertiva. Mesmo que muitas das vezes os jovens acabam por fortalecer laços de amizade e se tornarem mais próximos por meio de relações sociais suplementares advindas de tais meios, não se deve abdicar da conversa franca. A exaltação das virtudes na frente dos amigos se revela mais difícil do que em meio virtual, deflagrando uma certa característica de “proteção de face” da criação de textos emotivos via internet.
Ficam diversas questões relativas ao tema, mas permanece sempre a questão básica a que nos norteia o conhecimento do Espiritismo: a busca do equilíbrio. Desviando dos exageros de quem se entrega por horas à vida virtual, preferível, para alguns, à vida diante do outro, o apelo ao mundo ciberssocial deve ser encarado como vinculado à nossa existência como um todo, e o que for apreendido em termos de fantasia e simulação deve ser, mais cedo ou mais tarde, cotejado à vida.
A cultura contemporânea valorizante das aparências, a velocidade e a simultaneidade com que as coisas acontecem, a hibridez e liquidez dos produtos culturais de nosso tempo podem nos levar a uma vida quase contemplativa, de quem não conversa com os amigos da sala mas tem centenas de companheiros no Orkut, de quem busca na fluidez da fama os heróis dos seus valores ou a catárse das suas frustrações, de quem prefere os prazeres e as conquistas fluidas às verdadeiras amizades e caminhos. Lembremos, então, da exortação do Cristo: “Onde estiver seu tesouro, aí estará seu coração”.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Homossexualidade é patologia?

Muito se tem discutido sobre a natureza do comportamento homossexual, desde o século XIX, em busca de explicações científicas para suas causas e manifestações. Em boa parte das considerações, o viés da anormalidade permeou os discursos e as práticas dos opinadores.
Curioso notar que, nos ambientes religiosos, de modo geral, tais abordagens de cunho bio-patológicas ganharam forte adesão e reforço dos textos ditos sagrados e de autores (con)sagrados. A homoafetividade seria um erro sob múltiplos pontos de vista: biológico, religioso, social.
Os movimentos espíritas também fizeram coro com esta visão, e utilizaram-se de interpretações dos textos da Codificação na tentativa de embasar doutrinariamente suas conclusões, caridosamente condenando a prática homoerótica mas amando as pobres criaturas tentadas à mesma...
Tradicionalmente, escutamos oradores e figuras de relevo falarem sobre a necessidade de abstinência e vida dedicada ao próximo, longe destas vivências pecaminosas e anormais. Quantos indivíduos sentiram-se lesados em sua intimidade e incompreendidos em sua orientação sexual nas reuniões espíritas?
Chegamos a um momento de questionamentos mais lúcidos e pragmáticos, de alguma forma reflexo das lutas dos gays, e as respostas conservadoras e puritanas não nos satisfazem mais. Afinal, qual o problema em ser homossexual? Porque tanto preconceito e discriminação? Será que os Espíritos consideram tal orientação uma anomalia? O que os Espíritos dizem de fato sobre tão polêmica questão?
Se você tem interesse neste debate, venha construir novas ideias a respeito em nosso Bate-Papo Espírita!!!  Procure o coordenador da sua Mocidade e se inscreva.