quinta-feira, 16 de agosto de 2012

I EMSEJA-CEIVA


É com grande satisfação que convidamos todos os jovens das mocidades de Juiz de Fora para o I EMSEJA-CEIVA – I Encontro de Mocidades da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis e do Centro Espírita Ivon Costa.
Serão discutidos assuntos relativos ao tema: “Liberta-te do mal: o poder da ação frente aos meus conflitos no mundo”.
Não deixe de participar, será um dia de muita confraternização!

Data: 26 de agosto de 2012
Horário: de 8 às 18h
Local: Centro Espírita Ivon Costa
Investimento: R$ 5,00
Inscrições até 20/08 com os coordenadores das mocidades

Dúvidas ou informações:
Guilherme: 8821-4640; Lívia: 8829-5257; Natália: 8832-5152 ou Thaysi: 8859-2656.

Muita paz e até lá!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O que tem na mocidade espírita?

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão
e no partir do pão e nas orações
(Atos, 2:42).



Pelo nosso país afora, há inúmeros grupos de mocidades espíritas, construídos em formatos diferentes, com formas diversas de trabalhar o conteúdo e com propostas distintas de programação e mediação de estudo. O que, então, subsume todos esses grupos sob um mesmo nome? Qual a característica central da mocidade espírita? O que é mocidade, afinal de contas?

Primeiramente, a mocidade é um grupo de jovens. A definição de jovens, porém, não apresenta consenso. Órgãos como a ONU (Organização das Nações Unidas) ou o Banco Mundial estipulam a idade de 15 a 24 anos; a definição da OMS (Organização Mundial da Saúde) engloba meninos e meninas a partir de 10 anos, e o congresso brasileiro, desde 2010, considera que a faixa da juventude é compreendida entre 16 e 29 anos. Para trabalhadores espíritas que conheceram a doutrina espírita na mocidade, como o caso de Raul Teixeira, a juventude vai até os 25 anos de idade . Seja como for, é o período em que paulatinamente deixa-se o estágio infantil, e boa parte do aprendizado e das interações sociais deixa de ser feita em ambientes doméstico e da escola; os níveis de interação social tornam-se maiores e a independência do reduto familiar cresce gradativamente. Pode-se considerar, em espectro amplo, que a idade para a mocidade é de 13 a 30 anos, sem excluir especificidades e variações possíveis em diferentes contextos.

O grupo de mocidade é, então, um grupo de jovens que se reúnem na Casa Espírita para estudar o espiritismo. Herculano Pires considera que a função primordial do centro espírita é divulgar a doutrina espírita, consistindo essa missão em uma tarefa de educação . Assim, definiremos Mocidade Espírita como lugar privilegiado de interações entre jovens no qual se busca a construção de uma compreensão global da doutrina espírita e das consequências práticas desta para a vida. Entretanto, para que esse espaço seja, de fato, privilegiado, é necessário que se compreenda como é o trabalho com a juventude.

Contando com apenas um encontro por semana, a mocidade não dispõe da
regularidade que tem a escola; lidando diretamente com sujeitos que querem ser desafiados, que gostam de compreender e discutir os temas, que possuem uma série de anseios e curiosidades próprios da adolescência, diferem-se das crianças, com quem, na maioria das vezes, não gostam mais de ser comparados; com um tempo de atenção voluntária reduzido, desejo excessivo de interação e vontade de conhecer o outro, não se adaptam facilmente ao modelo eminentemente expositivo, típico das palestras públicas. Para buscar o melhor trabalho com essa faixa etária, é necessário atentarmo-nos para fatores como o conhecimento do público específico, a seleção adequada dos conteúdos e as formas de mediar os estudos. Essas facetas do grupo de mocidade estão inexoravelmente interligadas, e devem ser consonantes com os objetivos propostos para o trabalho. Diante de tudo isso, a todo momento o coordenador deve se questionar, avaliar sua atuação, a resposta dos jovens e as possibilidades de ir além do trabalho feito.

Na nossa opinião, além das especificidade de cada grupo, há um elemento importante para todos os grupos de juventude espírita: a afetividade. Nosso Raul Teixeira ressalta a necessidade de o coordenador saber fazer-se amigo dos jovens. Não basta ser um excelente conhecedor da doutrina ou um exímio palestrante: o coração do jovem se abre quando nos abrimos, por nossa vez, para ouvi-los e compreendê-los. A tendência da juventude para formar grupos e “tribos” tende a encontrar na mocidade espírita, quando vivida dentro dos ditames da fraternidade cristã e do carinho ao próximo, um espaço de vivência diferenciado e rico, em que as amizades formadas compartilham a crença em um espírito que sobrevive à carne, na justiça divina da reencarnação e no imperativo do amor e da transformação moral.

A convivência fraternal é importante em todos os ambientes e trabalhos de uma casa, mas encontra necessidade especial dentro do grupo de jovens, repleto de sujeitos em busca de fundamentos, de alicerces e de caminhos seguros por tomar. É preciso fazer do abraço e da palavra amiga elementos primordiais dentro do grupo de mocidade espírita, não pela cordialidade flácida e insincera que minora os verdadeiros esforços pela regeneração, mas sim pela verdadeira comunhão de almas e criação de vínculos fortes de amor fraterno, que possibilitarão uma troca potencializada de conhecimentos, experiências e emoções. Por isso perseveravam os apóstolos em suas abençoadas atividades; por isso serão conhecidos os discípulos do Cristo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Santo Agostinho e o Espiritismo, parte 3: Agostinho, Deus e a Lei Divina

por Fábio Fortes

Quem conhece a Verdade, conhece-a; e quem a conhece, conhece a eternidade; e quem a conhece, conhece o Amor.
Agostinho, Confissões, V, 12


Para nós, espíritas, o conceito de Deus, como o Criador, a “suma inteligência, causa primeira de todas as coisas” (Livro dos Espíritos, questão 1), talvez soe por demais familiar. De fato, a Doutrina Espírita alarga nossas concepções de Deus, que não é mais o ser representado à semelhança do homem, mas é a reunião de toda a bondade, misericórdia, justiça e perfeição, que o identifica, sem dúvida, com o amoroso “Deus-Pai” revelado por Jesus Cristo. De resto, embora nos faltem ainda recursos intelectuais para a compreensão da natureza íntima de Deus, sabemos, pela Codificação Espírita, que Deus tem como atributos a imutabilidade, a eternidade, a suma perfeição.

Em meados do século IV, porém, muitas ideias até contraditórias existiam acerca de Deus. Com a influência das doutrinas helenistas, do politeísmo antropomórfico greco-romano, da visão judaica da Divindade, Deus poderia ser uma ideia compreendida diferentemente na mentalidade média das pessoas: um ser sobrenatural e vingativo, em nome da Justiça, um herói olímpico, redentor dos homens, ou um conceito abstrato e metafísico regulador da natureza, ainda que frio e distante. A inteligência de Agostinho examinou cada uma das concepções de Deus, oriundas das diferentes escolas da época (neoplatônica, cética, pagã, judaica), para apresentar à humanidade, enfim, um conceito de Deus bastante parecido com a definição que hoje encontramos no Livro dos Espíritos: “Deus, era este o ser incorruptível, indeteriorável, imutável (...) Jamais alma alguma pôde ou poderá conceber alguma coisa melhor do que Vós – sumo e ótimo Bem” (Confissões, VII, 4, 6) .

Como “sumo e ótimo Bem”, Deus é a perfeição, a reunião das virtudes a que pode aspirar a alma humana, portanto, Deus é o Criador de todo o Bem: “Perguntei pelo meu Deus à massa do Universo, e respondeu-me: ‘Não sou eu, mas foi Ele que me criou´”. De resto, a dualidade maniqueísta entre o Mal e o Bem, que, na Idade Média, levaria à concepção dualista de Céu e Inferno, Deus e Diabo etc., não condizia mais com o conceito de Deus enquanto perfeição absoluta e imutável, agente criador do Universo. De fato, enquanto Agostinho se demorava nas doutrinas maniqueístas, custou-lhe reconhecer que o mal, enquanto substância, não existe: apenas o bem é obra da Criação Divina. A alma encarnada, porém, pelo livre-arbítrio, pode tomar caminhos que estejam na contra-mão desse sumo e eterno bem criado por Deus: “Procurei o que era a maldade e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade desviada da substância suprema – de Vós, ó Deus”. (Confissões, VII, 22).

Para Agostinho de Hipona, como para nós, espíritas, o mal não é algo exterior ao homem, a arrastá-lo a determinadas condutas. O mal que possamos vivenciar nasce de escolhas íntimas, é fruto do nosso livre-arbítrio, segundo a nossa vontade, embora em contradição à Lei Divina, que, no entanto, é imutável. Não existe um Deus que castigue o mal, ou puna o pecador. O prejuízo ou o benefício de cada ação humana é regulado segundo uma Lei de caráter universal: “O furto é punido pela vossa lei, ó Senhor, lei que, indelevelmente, gravada no coração dos homens, nem sequer a mesma iniquidade poderá apagar”. (Confissões, II, 9).

A Lei de Deus está indelevelmente inscrita no coração humano, palavras que nos fazem recordar a questão 621 de O Livro dos Espíritos, em que Kardec pergunta aos espíritos: “Onde está escrita a Lei de Deus?” – Na consciência humana, respondem. Segundo os espíritos da Codificação, a Lei de Deus “é eterna e imutável, como o próprio Deus” (LE, 615), tal qual Agostinho reconhecia em seu tempo: “Em que tempo ou lugar será injusto que “amemos a Deus com todo nosso coração, com toda a nossa alma e com toda a nossa mente, e que amemos ao próximo como a si mesmo?” (Confissões, III, 15). Poderíamos responder com ele: nunca, em lugar algum a lei máxima do Amor será revogada.

A expressão dessa Lei, a iluminar, então, o pensamento de Agostinho e a esclarecer a Humanidade nos dias de hoje é, portanto, o Amor, como mostra a mensagem de Jesus, como testemunham os bons espíritos, como ecoa o pensamento agostiniano nas palavras da Codificação Espírita. A vivência do amor a Deus, ao próximo e a si mesmo é a chave para a transformação moral do homem, o resultado do processo de autoconhecimento e evolução humanas, o espelhamento da conduta de acordo com a Lei de Deus. Pois, se soubermos amar, podemos fazer qualquer coisa, e qualquer coisa será reflexo da ação divina no mundo por intermédio de nós, como também afirmava Santo Agostinho, em uma de suas máximas: Ama e faça o que quiseres.