segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Capacitação de trabalhadores - Parte II

Seguindo na mesma esteira das reflexões levadas a cabo no texto anterior, existe uma pergunta específica que o coordenador do trabalho com mocidade deve estar sempre repetindo: se eu deixar o trabalho agora, há no grupo alguém em condições de continuá-lo? Há algum jovem que poderia assumir as funções que desempenho agora? Há alguém, de outro departamento da casa, que poderia coordenar esse grupo?

Esse questionamento é plenamente justificável e nada tem de presunçoso, como pode parecer a princípio. O trabalho de evangelização da criança, o da mediunidade e o da exposição doutrinária precisam de preparação; por que haveria de ser diferente com o trabalho de mocidades? Além do mais, faz-se mister estarmos sempre cientes da efemeridade de nosso tempo em determinados trabalhos. As mudanças da vida podem nos levar para longe ou nos impedir de disponibilizar tempo para as tarefas da evangelização da juventude. E, além disso, um coordenador que passasse quinze anos consecutivos trabalhando em um mesmo grupo tem vários fatores problemáticos, entre eles a dificuldade de renovação de tarefeiros.

Enfim, se a resposta para tal pergunta for negativa, não há necessidade de se desesperar, afinal. É necessário, sim, começar um planejamento de captação de trabalhadores. Capacitação, ensinoaprendizagem e crescimento continuado. É preciso identificar os interessados no trabalho e inseri-los paulatinamente na lida – paulatinamente! – levando-os a preparar, juntamente com o atual coordenador, estudos em dupla ou em grupo, a modificar um mural, a estar presentes em uma campanha do quilo ou a construir uma programação – ou seja, levá-los, aos poucos, a trabalhar ao nosso lado.

Esse procedimento é essencial. Começar a coordenar “do nada”, sem nenhuma aproximação prévia com o trabalho, pode dar muito certo, mas pode levar a vários tropeços evitáveis com uma capacitação contínua. Além disso, esses procedimentos dão a jovens que, mesmo que jamais assumam uma função de coordenador, dar passos importantes em tarefas de serviço cristão e no estabelecimento de sua autonomia dentro da mocidade espírita, compreendendo que estão em um espaço democrático, construído com fins de estudo e de confraternização.

Precisamos, assim, trabalhar dentro de uma tensão complexa. É preciso que tenhamos certeza de que o trabalho não depende de nós: se deixarmos a lida, o plano de Deus é muito maior do que nossas impossibilidades de tempo ou nossa pouca perseverança. Entretanto, é necessário, também, que saibamos que nosso trabalho faz alguma diferença e é importante dentro do grupo. Os extremos mostram-se sempre problemáticos: se o trabalho depende de mim, ele está alicerçado em algo falível, transitório e humano; se eu não tenho papel nenhum na mocidade, ou ela segue um modelo perfeito de auto-governo, ou o trabalho não está sendo bem feito.
Ratificamos, mais uma vez, a necessidade constante de formação e captação de novos trabalhadores, a fim de um movimento cada vez mais pujante e novo. Busquemos dentro dos grupos aqueles que se interessam; convidemos, deixemos o trabalho aberto em convites para todo o grupo. Contudo, é ainda preciso manter uma coisa em mente: não é o melhor cantor ou musicista, o mais inteligente e estudioso dos jovens que será o coordenador mais apropriado. Todo o talento do mundo cai por terra se carecer de responsabilidade, assiduidade e capacidade de trabalhar em equipe. Ouvi de um amigo e guardei essas palavras: “Sintoma de coordenador é pegar em cadeira”.

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