domingo, 2 de outubro de 2011

Capacitação de trabalhadores - Parte I

Uma frase de camisa de uma turma de formandos aparece como curiosa motivação para esse texto: “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”. O dito, embora já seja para nós um clichê, nos dá material para pensar no nosso trabalho com mocidades.
Em primeiro lugar, vale a pena discutir se, afinal, Deus escolhe. Ora, com relação ao nosso trabalho na seara do Cristo, estamos cientes de que a escolha foi feita por nós – e, em um grau mais intenso do que imaginamos a priori, possivelmente feita em um passado espiritual para ser cumprida e vivificada aqui na Terra. Sem dúvida, a sabedoria e a bondade de Deus estão diretamente envolvidas nesse processo por meios sagrados que não podemos conhecer (L.E. 963), mas a escolha precisa partir necessariamente de nós. Nos casos em que somos compelidos, através de circunstâncias diversas, a executar algum trabalho de forma compulsória, o desânimo, a falta de paixão e a inadequabilidade de nossos caracteres são capazes de, por vezes, minorar trabalhos em pleno andamento.
Somos nós, afinal, que escolhemos o trabalho, ainda que tendo sido incentivados a isso. Estando clara essa, resta o segundo excerto: capacitação. Deus capacita os que escolheram através da lida diária, do amparo espiritual, das dificuldades que nos fazem crescer e aprender e da inspiração ao longo da jornada. Entretanto, a essas muitas facetas da nossa capacitação, faz-se necessário acrescentar a capacitação que se faz por iniciativa própria de nós, trabalhadores.
É imprescindível, no trabalho espírita e, especificamente, no trabalho da juventude, estar-se sempre perguntando sobre a qualidade atual do trabalho, sobre o que se pode fazer de melhor ou diferente. A reflexão e o questionamento acerca da prática enriquece nossas possibilidades. É preciso, ainda, estar sempre a estudar: estudar a doutrina, as obras básicas, a atualidade, a juventude, didática, ensinoaprendizagem... E é ainda preciso trocar experiências, a fim de que com as ideias dos amigos de trabalho possamos alargar nossos horizontes de pensamento.
Algumas pessoas com boas intenções poderiam objetar e dizer, acertadamente, que a espiritualidade está a amparar o trabalho e que, se pusermos a mão à obra, o demais virá. Resta-nos a exortação evangélica, tão clara que não deixa dúvidas: “Ajuda-te que o Céu te ajudará”, oferecendo contraponto necessário à mentalidade de que olhar os lírios do campo é atitude suficiente para os trabalhadores.
Capacitação. Nosso movimento precisa investir nisso. Para realizar bons trabalhos, para cumprir com a missão do verdadeiro espírita, a capacitação faz-se mister. Para levar adiante a mensagem consoladora da vida após a morte, a radiante consolação da reencarnação e a bendita crença na existência de Deus, é preciso saber como chegar os corações jovens, e saber, é claro, do que estamos falando. “As línguas de fogo estarão sobre as vossas cabeças, verdadeiros adeptos do espiritismo”... É preciso fazer disso verdade.
Se esperamos, por vezes, que as inspirações nos resolvam os problemas, talvez elas inspirem, cotidiana e repetidamente, embora prestemos pouca atenção: “Estuda! Aprende! Capacita-te!”

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